33% das Equipas de Cuidados Paliativos não apresentam nenhum Programa de Apoio no Luto
O Observatório Português de Cuidados Paliativos publica mais uma secção do Relatório de Outono de 2019: “Apoio no Luto”. Este novo estudo registou as seguintes conclusões:
Das 78 equipas de cuidados paliativos que responderam ao inquérito, 66.7% apresentam um programa de apoio no luto, com seguimento da família enlutada. Apenas 53.8% assumem ter um protocolo formal e estruturado com ações e atividades preconizadas no apoio ao luto.
Das várias ações/atividades propostas pela maioria de guidelines e protocolos de atuação no acompanhamento e apoio ao luto, questionou-se sobre: carta de condolências, visita ao domicílio, consulta, chamada telefónica, consulta de follow-up e/ou grupo de apoio, algumas acrescentaram outras, tais como reunião informal, consulta de psicologia, consulta de psiquiatria e/ou visita/agendamento de condolências.
Apesar de algumas equipas referirem não ter programa estruturado de apoio ao luto, desenvolvem atividades isoladas, tais como carta de condolências, visitas, consulta e/ou chamada telefónica. E das equipas que têm programa de apoio e protocolo formal nenhuma realiza todas as atividades em sequência. A chamada telefónica, a consulta de follow-up e a consulta são as atividades mais executadas pelas equipas.
Os profissionais que mais se envolvem nestas atividades são o psicólogo e o enfermeiro, embora os outros profissionais como médico, assistente social e assistente espiritual também colaborem, embora mais pontualmente.
Quanto aos timings das ações/atividades realizadas após a morte do doente, a variabilidade é enorme e difícil de tipificar um padrão comum. No entanto, a grande maioria estabelece um contacto com família até ao 1º mês após a morte.
Face ao timing das ações/atividades, é de salientar o elevado número de respostas ‘não sabe ou não se aplica’. Pode-se inferir que pode ter existido falha no preenchimento dos inquéritos relativos ao funcionamento da equipa neste processo de acompanhamento, pois não há coerência entre umas e outras respostas. Não é possível tipificar um padrão comum que nos leve a concluir como se processa o protocolo formal das 42 equipas que o referiram ter.
Dos profissionais que efetuam registos das ações/atividade de apoio ao luto, são os psicólogos e os enfermeiros quem mais procede ao registo clínico de seguimento no luto.
O local de registo é sobretudo no SClinico e no processo clínico do doente.
Conclui-se que a grande maioria das equipas de cuidados paliativos se preocupa com o acompanhamento da família em fase de luto, fazendo-o até ao primeiro mês após a morte da pessoa doente; as ações/atividades empreendidas são variáveis e de timing igualmente diversificado. Não é possível estipular um padrão de ação comum às diversas equipas, nem mesmo nas que referem ter um programa de ação formal e estruturado.
Comparativamente ao ano de 2017, a atividade desenvolvida no âmbito do luto em 2018 em alguns indicadores apresentou alterações estatisticamente significativas. Concretamente:
- Aumento da proporção de equipas em que o assistente espiritual integra a intervenção no luto;
- Diminuição da proporção de equipas que realiza chamadas telefónicas e consulta de follow-up como prática usual e a anual; nas quais os psicólogos e/ou enfermeiros são os responsáveis pelos registos das atividades de apoio ao luto.
Desta forma, poderá inferir-se que se mantem sobreposição dos valores percentuais dos vários indicadores, comparando 2018 com 2017.
Consulte o relatório na integra AQUI