DECRÉSCIMO EM QUASE TODOS OS INDICADORES DE TRABALHO DE EQUIPA
O Observatório Português de Cuidados Paliativos publica mais uma secção do Relatório de Outono de 2019: “Trabalho em Equipa”. Este novo estudo registou as seguintes conclusões:
A partir dos resultados obtidos neste inquérito feito às 111 equipas de cuidados paliativos de Portugal, das quais responderam 76, encontramos um muito bom nível de organização e funcionamento, com observância da maioria dos indicadores de estrutura, no que respeita ao trabalho em equipa. Todavia, comparativamente ao ano anterior, registamos um decréscimo em praticamente em todos os indicadores, como se demonstra na tabela 7 do estudo.
Comparando com 2017, identifica-se uma diminuição estatisticamente significativa da proporção de equipas que realiza o registo das reuniões de equipa, que tem organograma do serviço com identificação dos líderes e responsáveis pelos doentes. Nenhuma outra evolução destes indicadores se verificou.O número de equipas que respondeu ao inquérito (76) foi idêntico a 2018, no entanto, como se observou um aumento de 103 para 111 equipas/serviços de cuidados paliativos, a taxa de resposta desceu ligeiramente, de 73.7% para 68.5%.
Identificámos a existência de Organograma do serviço (67.1%) com identificação dos líderes (52.6%) e responsáveis pelos doentes e o respetivo local de publicação, na maioria das equipas.
Sobre a metodologia de trabalho com um gestor de caso, está longe de ser universal (42.1%). Esta metodologia dependerá também da tipologia da própria equipa, se atua como assessor, como de suporte, ou se de assistência e de cuidados diretos.
Sobre a existência de plano interno de prevenção de burnout verificou-se uma diminuição, não obstante a consciencialização desta necessidade, e o aumento do número de psicólogos afetos às equipas. Tal poderá ser justificado pelo facto de as equipas que responderam, ainda se encontrarem numa fase inicial de formação (forming). Por essa razão, continua a ser um alerta na sua organização futura.
A maioria (68.4%), valor sobreponível ao ano anterior, define um plano interno e anual de formação contínua, porém um número significativo de equipas (31.6%) ainda não adota esta prática como regular e necessária.
As equipas realizam reuniões formais, com periodicidade diferente, conforme os assuntos, a maioria (+ de 50%) fá-lo 1 vez/semana, para debater assuntos relacionados com doentes e família e também sobre a própria equipa. Os profissionais que participam nas reuniões são sobretudo o médico, enfermeiro, assistente social e psicólogo, menos frequentemente com toda a equipa. Importa realçar que as equipas, na sua composição, são na sua maioria básicas e, mais raramente, completas ou, pelo menos, com os diferentes profissionais em tempo completo.
A grande maioria faz registos das reuniões (78.9%), mas existe um número razoável que não efetua qualquer registo (14.5%). As que o fazem usam sobretudo o registo em papel, em atas, livros de registo, ou em formato eletrónico, recorrendo também a software próprio como SClinico e GestCare.
O trabalho em equipa é influenciado pela sua composição e diversidade, organização da mesma, estilo de liderança e as competências individuais de cada elemento, apresentando-se como um desafio constante. A implementação e observância dos indicadores de qualidade no que respeita ao trabalho de equipa são cruciais para a melhoria dos cuidados prestados, ao mesmo tempo para garantir a ‘saúde’ da própria equipa, sendo as reuniões momentos chave para rever e repensar a melhoria da qualidade dos cuidados.
Mais informações poderá consultar o estudo na integra AQUI.